Escolher vinhos bons e baratos para um convívio com a família ou amigos nem sempre é uma tarefa fácil. As variáveis são muitas, e as prateleiras de supermercado não facilitam nesta missão, dada a quantidade imensa de rótulos, marcas, regiões e preços existentes.

Um bom vinho torna uma refeição melhor, e um mau vinho pode arruinar o melhor dos pratos. Por isso, é muito importante que o vinho esteja à altura da comida para que a experiência seja ótima.

Hoje vou tentar ajudar a estruturar a tua escolha de vinhos para cada ocasião, e dar algumas dicas de vinhos com boa relação qualidade-preço, que poderás encontrar na generalidade dos supermercados e garrafeiras, e até mesmo online.

Tabela de Conteúdos

O que ter em conta para escolher um bom vinho?

As principais variáveis a ter em mente na hora de escolher um bom vinho, são as seguintes:

  1. Qual o prato ou pratos que serão servidos? Deve escolher-se diferentes vinhos para diferentes momentos da refeição (entradas, prato principal e sobremesa).
  2. Que tipo de vinho prefere a maioria dos participantes (Branco, Tinto, Rosé…)?
  3.  E claro, quanto quero gastar?

10 sugestões de vinhos com boa relação qualidade-preço

A produção de vinho em Portugal nos últimos 20/30 anos evoluiu muito, e hoje em dia existem centenas de pequenos, médios e grandes produtores que fazem vinhos com excelente relação qualidade-preço.

Atualmente, em Portugal, os vinhos já têm uma qualidade bastante boa a partir dos 3€. Claro que um vinho de 3€ não tem as mesmas características e complexidade que um vinho de 20 ou 30€.

O segredo está em, à medida que vamos provando diferentes vinhos, irmos subindo o patamar de exigência e consequentemente de preço. Não adianta provar vinhos de 30€ quando não conseguimos apreciar um vinho de 10€ na sua plenitude.

O ideal é ir sempre do mais simples para o mais complexo. Por comparação, alguém que acabou de tirar a carta, não tirará todo o prazer da condução de um Ferrari, pois não terá a experiência suficiente de condução.

Assim, partilho 10 vinhos com boa relação qualidade-preço, que poderás encontrar facilmente em garrafeiras online ou nos supermercados perto de ti.

1. Planalto Reserva Branco 2019

Planalto Reserva 2019 Douro Branco
Planalto Reserva Douro Branco

Notas de Prova:  O Planalto Reserva Branco é um vinho aromático com notas de fruta tropical e aromas florais. Muito boa acidez. Consumir entre os 9 e 11ºC.

  • Região: Douro;
  • Preço Médio: 4.50€;
  • Harmonização: Peixe, Marisco e Carnes Brancas.

2. Vicentino Sauvignon Blanc 2019

Vicentino Sauvignon Blanc 2019 Alentejo Branco 75cl
Vicentino Sauvignon Blanc 2019 Alentejo Branco

Notas de Prova: O Vicentino Sauvignon Blanc 2019 é um vinho com notas vegetais e pimento verde. A proximidade ao mar (costa vicentina) faz com que tenha uma ótima acidez. Consumir entre os 9 e 11ºC.

  • Região: Alentejo;
  • Preço Médio: 10.00€;
  • Harmonização: Peixe, Marisco e Carnes Brancas.

3. Quinta do Cardo Siria Branco 2018

Quinta do Cardo Síria 2019 Beira Interior Branco 75cl
Quinta do Cardo Síria 2019 Beira Interior Branco

Notas de Prova: O vinho Quinta do Cardo Síria 2019 Beira Interior Branco é um vinho biológico com notas de maçã verde e limão. Muito mineral e com uma acidez refrescante. Consumir entre os 9 e 11ºC.

  • Região: Beira Interior
  • Preço Médio: 7.50€
  • Harmonização: Peixe, Marisco e saladas.

4. Quinta dos Carvalhais Rosé 2019

Quinta dos Carvalhais Colheita 2019 Dão Rosé 75cl
Quinta dos Carvalhais Colheita Dão Rosé

Notas de Prova: O vinho Quinta dos Carvalhais Colheita Dão Rosé é muito elegante, leve e fresco. Alguns aromas a fruta vermelha e na boca tem uma acidez vincada. Consumir entre os 10 e 12ºC.

  • Região: Dão;
  • Preço Médio: 8.00€;
  • Harmonização: sushi, pratos de peixe, marisco, saladas ou até carnes brancas.

5. Três Bagos Reserva Tinto 2015

Lavradores de Feitoria Três Bagos Reserva 2015 Douro Tinto
Lavradores de Feitoria Três Bagos Reserva Douro Tinto

Notas de Prova: O Lavradores de Feitoria Três Bagos Reserva Douro Tinto é um vinho frutado, onde se destacam notas de fruta vermelha como ameixa e amora silvestre. Com madeira discreta e bem integrada, o que o torna elegante. Consumir entre os 16 e 18ºC.

  • Região: Douro;
  • Preço Médio: 9.00€;
  • Harmonização: pratos de caça, carnes vermelhas e queijos fortes.

6. Quinta Foz de Arouce Tinto 2015

Quinta Foz de Arouce 2015 Beiras Tinto
Quinta Foz de Arouce 2015 Beiras Tinto

Notas de Prova: Muita fruta preta e taninos macios. Corpo médio e excelente acidez. O vinho Quinta Foz de Arouce 2015 Beiras Tinto deve ser consumido entre os 16 e 18ºC.

  • Região: Beira Atlântico;
  • Preço Médio: 14.00€;
  • Harmonização: carnes vermelhas, massas e queijos fortes.

7. Herdade do Peso Reserva Tinto 2017

Herdade do Peso Reserva 2017 Alentejo Tinto
Herdade do Peso Reserva Alentejo Tinto

Notas de Prova: O Herdade do Peso Reserva 2017 Alentejo Tinto é um vinho complexo com notas de fruta preta e vermelha e algumas especiarias. Taninos bem presentes e acidez equilibrada. Consumir entre os 16 e 18ºC.

  • Região: Alentejo;
  • Preço Médio: 16.00€;
  • Harmonização: carnes vermelhas, pratos de caça, massas e queijos fortes.

8. Soalheiro Espumante Bruto Rosé

Soalheiro Espumante Bruto Rosé
Soalheiro Espumante Bruto Rosé

Notas de Prova: O Soalheiro Espumante Bruto Rosé é um espumante com excelente acidez e aromas florais. Deve ser consumido entre os 8 e 12ºC.

  • Região: Vinho Verde;
  • Preço Médio: 13.00€;
  • Harmonização: como aperitivo ou com sushi e saladas.

9. Sandeman Tawny 10 Anos

Sandeman 10 Anos Tawny Porto
Sandeman 10 Anos Tawny Porto

Notas de Prova: Notas de frutos secos e caramelo o Sandeman 10 Anos Tawny Porto é ideal para harmonizar com sobremesas doces. Deve ser consumido entre os 8 e 12ºC.

  • Região: Vinho do Porto
  • Preço Médio: 10.00€
  • Harmonização: como digestivo ou com sobremesas doces como pudim ou pão de ló.

10. Kopke Branco 10 Anos

Kopke 10 Anos White Porto
Kopke 10 Anos White Porto

Notas de Prova: Notas de frutos secos e caramelo, o Kopke Branco 10 Anos deve ser consumido entre os 8 e 12ºC.

  • Região: Vinho do Porto;
  • Preço Médio: 23.00€;
  • Harmonização: como aperitivo ou com sobremesas doces como pudim abade priscos ou quindim.

Food & Wine Pairing

“Tintos para carne e Brancos para peixe!” Será mesmo assim? Ou é apenas um mito?

A escolha do vinho que melhor combina com a comida que se vai servir/comer, é provavelmente a base da escolha, mas é também a mais complexa.

Esta escolha deve ser feita com base em dois critérios –  podemos combinar vinho e comida de forma:

  • Coerente: quando os sabores do vinho e da comida partilham entre si vários compostos comuns. A tendência neste tipo de combinação é que esses sabores se intensifiquem.
  • Complementar: nas harmonizações em que os compostos são opostos, os sabores neutralizam-se criando um equilíbrio.

Um exemplo simples, é o de combinar uma sobremesa doce com um vinho doce para que nem a sobremesa nem o vinho se sobreponham um ao outro. Aqui utilizamos o “doce” como harmonização coerente.-ºç.

Por outro lado, numa harmonização complementar, podemos usar um vinho doce com comida picante. O “doce”, neste caso, irá neutralizar o ardor do “picante”.

Daí que a afirmação “Tintos para carne e Brancos para peixe!”, não seja inteiramente verdadeira e linear, mas seja uma forma de catalogar um grande conjunto de harmonizações.

As principais combinações

Uma carne vermelha (rica em proteína) pede um vinho que tenha uma boa estrutura e com alto grau de taninos, presente sobretudo nos vinhos tintos. No entanto, uma carne branca (coelho, frango ou outra) com menor teor de proteína, pode combinar perfeitamente com um vinho branco que seja leve.

Quanto ao peixe, um bacalhau que normalmente é um prato mais “gordo”, pede um vinho mais complexo e com mais corpo que lhe permita “ombrear” com o prato. Aqui um tinto ou um branco com estágio em madeira poderá ser uma boa opção. Já uma mariscada, pede um vinho branco leve e com boa acidez.

Sugestões de combinações entre vinhos e comida:

ComidaVinho
Queijos Frescos e AmanteigadosVinho Branco Leve ou Tinto Leve ou Rosé
Queijos Fortes e CuradosTinto e preferencialmente Encorpado (com estágio em madeira ou alto grau de taninos)
Marisco e MoluscosRosé, Espumante Rosé/Branco e Branco Leve ou Aromático
Carne BrancaRosé, Tinto Leve, Branco Aromático ou Leve
Carne Curada, EnchidosTinto Leve ou Encorpado
Carne VermelhaTinto médio ou Encorpado
Sobremesas DocesVinho do Porto, Moscatel de Setúbal, Espumante Doce…

Tipos de Vinho: as 5 principais características do vinho

Para além de combinar vinho e comida, outra das dificuldades na escolha do vinho é perceber quais as principais diferenças entre os vários produtores, marcas e regiões.

O que diferencia um branco leve de um branco encorpado? O que são taninos? Como se vê a acidez de um vinho?

Estas são algumas questões que irei responder abaixo, e que vão ajudar a escolher vinhos bons e baratos.

A ter em conta que, a forma como o vinho é conservado pode ter implicações nas suas características. Para isso servem as caves de vinho, cuja principal função é manter a temperatura regular, o que ajuda a manter as características do vinho. Podemos encontrar aqui tudo sobre como escolher uma cave de vinhos.

1. Acidez

A acidez está muitas vezes relacionada com a região onde o vinho é produzido.

As uvas, à medida que amadurecem , vão perdendo acidez e ganhando mais açucares. Tendencialmente, uma região mais fria, produzirá vinhos com maior acidez, pois o frio não permite um amadurecimento tão fácil da uva.

Na boca, um vinho com mais acidez, é aquele que após bebermos, nos faz salivar durante algum tempo.

2. Taninos

Os taninos são um composto presente na pele da uva, e nas suas grainhas (presentes sobretudo nos vinhos tintos). Também podem ter proveniência do estágio em madeira. Ou seja, se no contra-rótulo de  um vinho, estiver escrito que estagiou em madeira por 12 ou mais meses, é provável que tenha taninos.

São amargos e adstringentes e normalmente provocam na boca uma sensação de secura e “encortiçamento” da língua.

Estes vinhos, com grande presença de taninos, ajudam a neutralizar o sabor da proteína e gordura nas carnes vermelhas por exemplo, ou em queijos fortes e massas muito condimentadas.

3. Doçura

Os vinhos podem ter diferentes níveis de doçura que vão do extra-seco (menos açúcar) ao muito doce (mais açúcar).

O açúcar residual presente nos vinhos deve-se ao facto de no processo de fermentação este não ter sido transformado em álcool.

Um vinho muito doce é ideal para acompanhar sobremesas doces.

4. Volume

O volume alcoólico é facilmente verificável no contra-rótulo das garrafas e normalmente aparece em percentagem (10%; 14,5%…).

O álcool é  importante no “transporte” dos aromas desde o vinho até ao nosso nariz. Acrescenta viscosidade (lágrima que às vezes vemos escorrer nas paredes do copo) e corpo ao vinho.

Normalmente, quanto maior o grau alcoólico do vinho, maior será a sensação de ardor na garganta quando o bebemos.

5. Corpo

As características anteriormente identificadas são as que definem o corpo do vinho que pode ir de leve a muito encorpado.

A melhor forma de perceber a diferença entre ambos é pensar no exemplo do leite. Um vinho encorpado está mais próximo de um leite gordo, e um vinho leve, mais próximo de um leite magro.

Os vinhos leves, regra geral, têm mais acidez, menor volume de álcool, menor doçura e menos taninos.

Os vinhos encorpados têm menor acidez, mas mais volume alcoólico e doçura e mais taninos.

Uma forma simples de organizar estas características, no que se refere às regiões portuguesas, poderá ser a seguinte (com as devidas exceções, claro está):

  • Regiões mais perto da costa, e portanto mais frias (Vinho Verde, Bairrada, Lisboa, Alentejo Costa Vicentina…) – são vinhos que geralmente apresentam uma maior acidez e como tal são vinhos mais leves.
  • Regiões mais interiores e de maior calor (Alentejo, Douro) – Vinhos com mais corpo e maior volume.

Agora que já sabemos como combinar vinho e comida, vamos às sugestões!

Conclusão

Poderia colocar aqui muitas mais sugestões, pois felizmente vivemos num país com grande diversidade de vinhos, regiões e estilos, com grande qualidade e excelente relação qualidade-preço.

A sugestão é que se vá provando e tirando notas, para criar uma biblioteca vínica. Como em tudo, o importante é “praticar”, sempre com moderação!

Á medida que vamos ganhando confiança, podemos experimentar coisas novas e arriscar em patamares de preço mais elevados e até colecionar alguns vinhos, mas para isso é necessário saber como escolher a cave de vinhos ideal de forma a conseguir armazená-los sem que percam propriedades essenciais.

Quanto mais se prova, mais sensível se vai ficando aos aromas, sabores e outras características importantes do vinho.

Dica extra: Tão importante como o vinho que escolhemos, é a companhia – seja a comida, seja com quem partilhar a garrafa!

Autor

O Vasco não perde a oportunidade de beber um bom vinho na companhia dos amigos e continua a somar marcas, regiões e diferentes geografias à sua "biblioteca vínica". De resto tem a sorte de desde 2017 estar ligado profissionalmente ao mundo dos vinhos. Aficionado pelo desporto, descobriu há 2 anos um dos que mais cresceu nos últimos anos: o Padel.

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