Desconfio que sou “team caminhadas” desde que aprendi a andar. Sempre fui a pé para a escola, aos sábados percorria a aldeia dos avós de uma ponta à outra e agora, com 31 anos, em trabalho remoto e a viver em Esposende, sempre que posso, vou a pé para todo o lado. E sou uma sortuda por isso! 

Caminhar é das coisas que mais gosto de fazer. Dá-me tempo para pensar com os meus botões, tranquilidade para organizar as ideias e energia para me preparar para o que for preciso. Além disso, não há melhor forma para verdadeiramente descobrir um lugar!

Ainda que dê uma caminhada todos os dias, quanto mais não seja para passear o patudo cá de casa, o Samba, é sobretudo nos meses da primavera e do verão que me desforro. Com o bom tempo e os dias maiores, aproveito os fins de semana para explorar alguns trilhos e conhecer pedacinhos de Portugal surpreendentes. 

Confesso que gosto mais de caminhar junto à costa e percorrer trilhos planos e amplos. Conheci quase todas as praias de Matosinhos a Viana do Castelo assim. Mas é impossível negar a beleza de caminhos mais embrenhados na natureza, como os que encontrei pelo Gerês, Ponte da Barca e Ponte de Lima. 

Para este ano, os planos incluem ir a Santiago de Compostela a pé e aventurar-me em percursos novos, que me levem a explorar outras zonas do país. Já comecei, aliás, uma lista de trilhos que quero percorrer durante o próximo ano. E vou aproveitar este artigo para partilhar alguns desses percursos. 

Segue-se uma seleção de 15 trilhos para descobrir Portugal, incluindo Açores e Madeira, e classifiquei-os por nível de dificuldade. E tenho de tudo! De pequenos percursos pedestres, perfeitos para se fazer num dia, às grandes rotas que requerem vários dias de caminhadas.

Se vai começar agora a fazer trekking e tem um estilo de vida mais sedentário, experimente um dos seis trilhos para iniciantes. Se tem uma boa preparação física, então aventure-se pelos caminhos de dificuldade média e elevada. 

Preparado/a? Então, pés ao caminho!

Tabela de Conteúdos

Trilhos para iniciantes em caminhadas

1. Ecopista do Rio Minho, de Valença a Monção

  • Ponto de partida: Pedra Furada, Vila, Monção
  • Ponto de chegada: Casa da Linha, na Ponte Seca, Valença
  • Distância: 17 km
  • Dificuldade: Baixa

Inaugurada em 2004, a ecopista do Rio Minho tem a particularidade de aproveitar uma antiga linha férrea, sendo considerada a 4ª melhor ecopista da Europa

Desenrolando-se sempre junto ao rio Minho, o trilho, para além de proporcionar paisagens únicas, permite visitar diversos monumentos e locais de interesse histórico e cultural, nomeadamente: o Museu Ferroviário e o Centro de Interpretação da Ecopista, em Valença; o Mosteiro Beneditino de Ganfei, o Cemitério Medieval e o Cruzeiro do Adro Velho; a Torre de Menagem de Lapela; os antigos postos aduaneiros e a porta de Salvaterra, por onde se entra para o centro histórico de Monção. 

Para saber mais, consulte: Ecopista do Rio Minho

2. Passadiços do Paiva, em Arouca

Passadiços do Paiva
Passadiços do Paiva (Fonte: Passadicosdopaiva.pt)
  • Ponto de partida e chegada: Espiunca (circular)
  • Distância: 17 km (ida e volta)
  • Dificuldade: Baixa

São 17 km de passadiços de madeira que se confundem com a natureza. Um trilho que se estende ao longo da margem esquerda do rio Paiva, entre falésias e pequenos desfiladeiros.  

Este percurso tem início na aldeia de Espiunca, junto à praia fluvial. Mais ou menos a meio do trajeto, encontra a praia fluvial do Vau, acessível através de uma ponte suspensa. De seguida, alcança aquele que é considerado o troço mais espetacular do percurso, pois contorna a garganta do Paiva e desdobra-se em 500 degraus até a um miradouro com vista panorâmica sobre toda a área.

Saiba mais em: Passadiços do Paiva

3. Rota dos Fósseis, em Idanha-a-Nova

Ponto de partida e de chegada:

  • Largo da igreja de Penha Garcia
  • Distância: 3 km
  • Dificuldade: Baixa

Um percurso de curta distância que nos promete transportar até aos primórdios da vida na Terra. Há medida que seguimos o desfiladeiro escavado pelo rio Pônsul, vamos recuando no tempo e descobrimos os tesoursos do Geopark Naturtejo, que incluem fósseis com mais de 500 milhões de anos. Um verdadeiro achado, dos que só se descobrem a caminhar. 

Para saber mais, consulte: Rota dos Fósseis 

4. Vista do Rei, Sete Cidades, em São Miguel, Açores

  • Ponto de partida: Miradouro do Rei
  • Ponto de chegada: Igreja de São Nicolau, no centro da freguesia das Sete Cidades
  • Distância: 7.7 km
  • Dificuldade: Baixa

A Vista do Rei é um dos miradouros mais procurados pelos turistas na bonita ilha de São Miguel. Foi assim apelidado depois da visita do Rei D. Carlos I e da Rainha D. Amélia a 6 de julho de 1901. O trilho, por sua vez, é mais recente e permite contemplar o interior da caldeira das Sete Cidades, com as suas diversas lagoas e formações vulcânicas. O percurso tem início no miradouro da Vista do Rei, percorre a vertente Sudoeste da cumeeira das Sete Cidades e termina no interior da freguesia. 

Para saber mais, consulte: Vista do Rei – Sete Cidades

5. Trilho da Natureza: entre o Cávado e o Atlântico, em Esposende

  • Ponto de Partida: Clube Náutico de Fão.
  • Ponto de Chegada: Clube Náutico de Fão (rota cricular)
  • Distância: 5.7 km
  • Dificuldade: Baixa

Carregado de património, o Trilho da Natureza permite redescobrir locais únicos, como a restinga do Cávado, o Pinhal de Ofir e o sistema dunas que se prolonga por toda a costa marítima. Está onserido em pleno Parque Natural do Litoral Norte, refúgio para muitas espécies animais, e oferece paisagens naturais deslumbrantes, ricas em fauna e flora. 

Para saber mais, consulte: Trilho da Natureza: entre o Cávado e o Atlântico

6. Percurso Pedestre de Marvão

  • Ponto de partida e de chegada: Portagem
  • Distância: 7.7 km
  • Dificuldade: Baixa

Seguindo a estrada romana, a caminhada inicia-se no Largo das Almas, na Portagem, e segue encosta acima, pela zona florestal onde os sobreiro, carvalhos e castanheiros mal deixam o sol penetrar. Termina perto da igreja e do antigo convento da Senhora da Estrela, a padroeira da vila de Portagem. Ali mesmo ao lado, fica a entrada para a vila amuralhada de Marvão. Se tiver tempo, aproveite para fazer uma visita, caso contrário, o trilho desce até Abegoa, em direção a Fonte Souto. O caminho de terra batida volta a encontrar a calçada medieval, sinal de que já falta pouco para regressar à Portagem. 

Para saber mais, consulte: Percurso Pedestre de Marvão

Trilhos para quem já tem alguma experiência em caminhadas

7. Fisgas do Ermelo, em Vila Real

  • Ponto de partida e de chegada: Ermelo
  • Distância: 12 km
  • Dificuldade: Média

Cruzando o Douro, Minho e Trás-os-Montes, este trilho revela o melhor das três regiões. Ao longo de 12 km em plena serra do Alvão, conseguirá explorar e apreciar  o cenário natural dos concelhos de Mondim de Basto e de Vila Real. 

Com início na aldeia de Ermelo, uma das mais antigas de Portugal, e prolongando-se junto às margens do Olo, o trilho anda de mãos dadas com a mudança da paisagem, cada vez mais selvagem, à medida que seguimos o rio até chegramos às Fisgas do Ermelo, uma das maiores quedas de água da Europa.

Para saber mais, consulte: Fisgas do Ermelo

8. Monge, em Sintra

  • Ponto de partida e de chegada: Convento dos Capuchos
  • Distância: 4.5 km
  • Dificuldade. Média

Com partida no Convento de Santa Cruz dos Capuchos, fundado no século XVI por frades franciscanos que pretendiam viver em estreita relação com a natureza, este percurso pedestre caracteriza-se pela exuberância da vegetação do Buçaco. Sempre a subir, chegamos ao marco geodésico e ao momento alto do trilho: a vista de cortar a respiração. Em dias de céu limpo, consegue-se avistar a linha de costa quase até ao cabo Espichel.

Para saber mais, consulte: Percurso do Monge

9. Percursos dos 7 Vales Suspensos, em Lagoa

  • Ponto de partida: Praia de Vale Centeanes
  • Ponto de chegada: Praia da Marinha
  • Distância: 6 km (12 km ida e volta)
  • Dificuldade: Média

Num dos troços de costa mais bonitos do Algarve, o percurso pedestre dos Sete Vales Suspensos já foi eleito como um dos melhores destinos de caminhadas da Europa!

O trilho desenrola-se ao longo da arriba costeira, ligando a Praia de Vale Centeanes à Praia da Marinha. Pelo caminho, atravessam-se vales suspensos, sete no total. Há muitos anos atrás, cada um destes vales esteve associado à foz de uma linha de água. As vistas são deslumbrantes, as praias paradisíacas e tudo o que mais apetece é simplesmente parar o tempo e ficar por ali. 

Para saber mais, consulte: Sete Vales Suspensos

10. Via Geira – Via Romana XVIII, no Parque Nacional da Peneda-Gerês

  • Ponto de partida: Portela de Homem
  • Ponto de chegada: Portela do Homem
  • Distância: 15 km
  • Dificuldade: Média

“Geira” é uma das estradas militares construída presumivelmente no ultimo terço do séc. I d.C.,  ligando duas importantes cidades, Bracara Avgvsta (Braga) a Astvrica Avgvsta (Astorga), num total de 320 km. É a estrada romana mais bem preservada da Península Ibérica. 

Sem grandes alterações de altitude, o trilho é largo, com uma paisagem natural linda, maioritariamente junto ao rio Homem. Como não existem grandes desníveis durante o percurso, o maior obstáculo será mesmo a distância de aproximadamente 15 km.

Durante o caminho, é possível observar vestígios arqueológicos de termas romanas e alguns tramos de calçada romana bem conservados, além da presença de marcos miliários. Uma experiência que nos faz recuar no tempo e apreciar a natureza. 

Para mais informações, consulte: Percurso Via Geira

11. Caminho dos Burros, no Pico, Açores

  • Ponto de partida: Caminho das Lagoas, no Planalto Central do Pico
  • Ponto de Chegada: Baía de Canas
  • Distância: 8.9 km
  • Dificuldade: Média

O Caminho dos Burros atravessa a ilha do Pico, da costa norte à costa sul. Estende-se por veredas utilizadas pelos antigos pastores e deixa-nos arrebatados a um verde difícil de encontrar em qualquer outro lugar no mundo. 

A paisagem da serra do Pico, a vista para São Jorge e a descida para a Baía das Canas fazem deste percurso um dos mais procurados pelos que gostam de caminhar em total harmonia com a natureza.  

Para saber mais, consulte: Caminho dos Burros

12. Trilho entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo, na Madeira

  • Ponto de partida: Miradouro do Pico do Areeiro
  • Ponto de chegada: Pico Ruivo
  • Distância: 7 km (só ida)
  • Dificuldade: Média

Este trilho liga os dois picos de maior altitude do arquipélago da Madeira – o Pico do Areeiro (1816 m) e o Pico Ruivo (1861m) – desenrolando-se por um cenário frequentemente coberto por um mar de nuvens. 

O percurso sobe o “lombo” que separa as encostas do Faial das de Santana. Ao longo do trajeto, é necessário atravessar túneis, passar por corredores esculpidos nas paredes de rocha e vencer algumas subidas e descidas íngremes. Dificuldades compensadas pelas vistas fabulosas sobre toda a ilha e pela experiência inesquecível de andar no maciço montanhoso acima das nuvens. 

Para mais informações, consulte: Trilho entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo

Trilhos para os aventureiros mais experientes em caminhada

13. Trilho da Serra Amarela, em Ponte da Barca

  • Ponto de partida e de chegada: Ermida
  • Distância: 35 km
  • Dificuldade: Elevada

A Serra Amarela é um dos maiores relevos montanhosos do Parque Nacional da Peneda Gerês. Habitat de muitas espécies, como a cabra-montês, o corço, o lobo e inúmeras aves e répteis, a serra é um lugar único e este trilho permite explorar cada um dos seus encantos. 

Com início e fim no lugar da Ermida, o percurso divide-se em quatro etapas, sendo necessário cerca de dois dias para o completar. A primeira etapa percorre o Vale de Carcerelha. Já a segunda tem como ponto de partida o lugar de Cutelo e prolonga-se até Vilarinho da Furna. A terceira parte do trilho começa junto à barragem de Vilarinho, construída na viragem da década de 60 para a de 70 e que submergiu por completo a aldeia de Vilarinho da Furna. Avança depois até à Louriça, o ponto mais alto da serra Amarela, a 1361 metros de altitude, e de onde parte a última etapa, que marca o regresso ao ponto de partida.

Para mais informações, consulte: Trilho da Serra Amarela

14. Caminho do Xisto da Lousã – Rota das Aldeias

caminho de Xisto
Caminho de Xisto (Fonte:

  • Ponto de partida e de chegada: Castelo da Lousã
  • Distância: 6 km
  • Dificuldade: Elevada

O castelo da Lousã é o ponto de partida para uma caminhada pela serra e por duas das mais emblemáticas aldeias de xisto do país: o Talasnal e o Casal Novo. Fazer o Caminho do Xisto trilho é repetir os passos dos antigos habitantes destas aldeias serranas, já que estes trilhos eram os únicos acessos que tinham para descer à vila da Lousã. 

Por sua vez, a serra da Lousã é conhecida pela sua paisagem natural quase inalterada, onde é possível avistar corços, veados e javalis. 

Para saber mais, consulte: Caminho do Xisto da Lousã

15. Rota Vicentina

  • Ponto de partida: Santiago do Cacém
  • Ponto de chegada: Cabo de São Vicente
  • Distância: 340 km
  • Dificuldade: Elevada

Esta grande rota permite conhecer toda a riqueza paisagística e culural de um dos mais bem preservados troços costeiros da Europa. 

Com mais de 300 quilómetros de extensão, a Rota Vicentina percorre os concelhos de Santiago do Cacém, Sines, Odemira, Aljezur e Vila do Bispo, dividindo-se em dois percursos: o Caminho Histórico (pelo interior) e o Trilho dos Pescadores (pelo litoral), que se encontram em Porto Covo e Odeceixe. O Trilho dos Pescadores inclui 4 etapas, que, sempre junto ao mar, por caminhos usados pelos habitantes locais para acesso às praias e pesqueiros, ligam Porto Covo ao cabo de São Vicente. Por sua vez, o Caminho Histórico, certificado com o selo europeu “Leading Qualoty Trails – Best of Europe”, percorre um itinerário rural com vários séculos de história, passando por uma paisagem de montado, vales e serra.

Para saber mais, consulte: Rota Vicentina

Seja qual for o trilho, curto, longo, fácil, difícil, pela costa ou pela serra, é essencial estar preparado. Use roupa e calçado confortável e adequado. Leve água para garantir a hidratação e alguns snacks para manter a energia ao longo do percurso. Deve também considerar levar um pequeno kit de emergência, para que esteja preparado para qualquer contratempo. A nossa checklist de equipamento essencial para caminhadas é uma boa forma de garantir que tem tudo o que precisa antes de partir à aventura. 

Escolhido o trilho e confirmado o equipamento, resta-me desejar-lhe um bom caminho! Tenho a certeza que será inesquecível. 

Autor

Esposendense de coração, a Diana é doida por boa comida e anda constantemente perdida nos motores de busca de voos, em pulgas com a próxima aventura. Acalma os bichos carpinteiros com treinos diários de cross training e rende-se facilmente perante um bom storytelling.

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