Se há uns anos atrás me tivessem dito que, um dia, ia ficar muito feliz em receber vinho como presente, teria respondido prontamente “eu nem bebo”! Pois não bebia, não. Até que, num fim de semana prolongado pelo Douro, tive a oportunidade de desfrutar de um jantar harmonizado. Fiquei rendida. Sobretudo aos vinhos tintos mais leves, elegantes e frutados.

Dizia então, na altura, que só gostava do vinho tinto da região do Douro. Mas eis que, uns meses depois, fui desafiada para participar numa prova de vinhos do Dão, numa garrafeira em Matosinhos. Lembro-me de pensar “têm personalidade, gosto!”. E do Dão fui até ao Alentejo, por influência de um casal amigo de Portalegre. Vinhos de bom corpo e de textura aveludada.

Copo aqui, copo acolá, do Algarve aos vinhos verdes (só ainda não consegui provar um vinho das ilhas), fui percebendo que gostava de toda a experiência de usufruir de um bom copo de vinho: o cheiro quando se tira a rolha, o deixar respirar, a cor no copo, de novo o aroma que já se modificou e, por fim, o sabor e todas as harmonizações gastronómicas possíveis, capazes de dar um toque ainda mais especial a qualquer evento.

Conselhos para iniciantes

Não sou nenhuma entendida, longe disso. Mas aprendi a apreciar e a respeitar cada vez mais a ciência (e arte) da enologia.

Comecei, por isso, a comprar vinhos em garrafeiras, onde gosto de ouvir os conselhos e as sugestões de quem tem mais conhecimentos na área. O passo seguinte foi instalar a aplicação Vivino. É muito útil para conhecer os preços médios e evitar cair nas falsas promoções dos grandes supermercados. Além disso, permite guardar uma lista de vinhos favoritos, o que é um trunfo quando estamos num restaurante com uma carta mais “atrevida” no que a preços diz respeito.

Por fim, criei uma singela garrafeira em casa, com opções reservadas para os jantares de amigos e para meu (e do marido) belo prazer, e apetrechei um dos armários da cozinha com acessórios essenciais para melhorar o momento da prova. Partilho aqui os meus 10 utensílios preferidos para quem gosta de apreciar um bom vinho e espero que vos sejam tão úteis quanto foram nas minhas experiências pelo mundo dos vinhos!

1. Conjunto de copos

Cá em casa somos 3: eu, o marido e o cão. O enxoval resume-se a um conjunto de seis pratos rasos, seis pratos de sopa, seis de sobremesa, os respetivos talheres, chávenas de café e uns quantos copos de água. Para vinho, tinha dois copos completamente banais.

Depois de pesquisar, fiquei a saber que o copo de vinho influencia a forma como apreciamos o vinho, pois afeta o olfato e o paladar. Nem foi preciso continuar a ler muito: rumei ao supermercado e comprei um conjunto de copos de vinho tinto e outro de vinho branco. Foi a minha primeira aquisição no que a acessórios diz respeito.

Para tintos, é aconselhável optar por copos com um corpo (bojo) maior, onde a bebida possa dançar e contactar com o ar, libertando aromas e sabores. Para os brancos, recomenda-se copos mais pequenos e estreitos pois importa preservar as temperaturas baixas e acentuar as notas dos vinhos.

2. Decantador/Decanter

O decanter, ou decantador, é uma garrafa de vidro ou de cristal com dois propósitos: eliminar as borras acumuladas, especialmente em vinhos velhos, e permitir que o vinho respire, isto é, entre em contacto com o oxigénio, libertando os seus aromas e sabores mais complexos. É um acessório essencial para um degustação perfeita. Mas lembre-se: só se decantam vinhos tintos.

3. Saca-rolhas elétrico

Fácil de usar (é carregar no botão e, voilá!, rolha fora, inteira e sem esforço), prático e muito útil. Um saca-rolhas elétrico é um excelente utensílio para ter em casa, sobretudo quando somos o anfitrião mais recorrente dos jantares de amigos e as garrafas tendem a acumular-se à medida que passamos das entradas para as sobremesas.

4. Corta pingas (drop stop)

Quando comecei a comprar garrafas de vinho para experimentar em casa com o marido e com os amigos, comecei também a munir-me de truques caseiros para tirar as nódoas das toalhas de mesa. É que é verdadeiramente difícil servir um copo de vinho sem que caiam umas gotinhas. Até que descobri o corta pingas ou drop stop: um acessório que se coloca dentro do gargalo da garrafa e que garante que o vinho cai somente onde é devido, no copo.

5. Filtros que eliminam os sulfitos

Os sulfitos são moléculas presentes em todos os vinhos. Existem sulfitos adicionados, que têm de constar nos rótulos e são usados para diferentes propósitos, como evitar o desenvolvimento de bactérias e a oxidação. E os sulfitos naturais, que têm que ver com o processo de fermentação da uva.

Estas pequenas moléculas são as responsáveis pelas famosas dores de cabeça na manhã depois de um jantar bem regado. Mas também podem provocar algum desconforto gástrico, entre outros mal-estares. Felizmente para todos os apreciadores de vinho, existe um filtro que elimina os sulfitos.

O acessório encaixa na perfeição na boca do copo ou do decantador. O vinho, ao percorrer o utensílio, regressa a um estado mais puro, com níveis irrisórios de sulfitos, preservando todas as suas qualidades de cor, aroma e sabor. Parece magia, mas é bem real e pode ser um ótimo aliado.

6. Termómetro de vinho

É recomendado que o vinho não seja servido nem muito quente nem muito frio. Para os vinhos brancos e rosés, as indicações de temperatura variam entre os 6-10ºC e para os vinhos tintos entre os 13ºC-18ºC.

Uma boa técnica é colocar a garrafa no frigorífico na noite anterior e retirar antes da refeição, o tempo que for mais adequado para o vinho em questão. Mas para ter 100% certeza da temperatura da bebida, nada melhor do que um termómetro de vinho com um indicador, que facilmente permite perceber se a garrafa está pronta a beber.

7. Manga refrigeradora

No caso dos vinhos brancos, rosés e mesmo dos espumantes, uma manga refrigeradora é bastante útil para manter a bebida fresca durante toda a refeição. Uma solução prática para beber um copo de vinho à temperatura ideal sem ter de estar sempre a abrir e a fechar o frigorífico.

8. Bomba de vácuo e rolhas de borracha

A bomba de vácuo extrai o ar da garrafa aberta para que seja possível conservá-la por mais um par de dias.

É um utensílio que dá muito jeito quando estamos sozinhos em casa e apetece mesmo um copo. Basta colocar a bomba sobre a tampa, bombear o ar para fora da garrafa e guardar no frigorífico, independentemente de ser um vinho branco ou tinto. Pode continuar a usufruir do vinho no dia seguinte, sem perdas notórias na qualidade.

9. Livros sobre vinhos

Há livros que dão todas as respostas às dúvidas mais frequentes sobre os vinhos. Ajudam a escolher, a comprar, a guardar, a servir, a combinar com comida e a beber. Por isso, ter um livro sobre vinhos por casa é sempre uma boa ideia para aprender o essencial e dar um brilharete no próximo almoço de família ou jantar com a cara metade.

10. Garrafeira

A garrafeira foi a última aquisição aqui em casa. Primeiro porque deixei de ter espaço no armário da cozinha. E depois porque, há tempos, aprendi que, quando queremos guardar uma garrafa para uma ocasião especial, devemos conservá-la num local fresco, com pouca exposição à luz e mantê-la deitada, pois, se estiver de pé, a rolha seca e pode cair.

Optei por uma garrafeira compacta, que dá até 12 garrafas, e reservei um cantinho da garagem para o efeito. Só tenho de garantir que não me esqueço do portão aberto quando saio de manhã à pressa para o trabalho.

Autor

Esposendense de coração, a Diana é doida por boa comida e anda constantemente perdida nos motores de busca de voos, em pulgas com a próxima aventura. Acalma os bichos carpinteiros com treinos diários de cross training e rende-se facilmente perante um bom storytelling.

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